sexta-feira, setembro 10, 2004

O Vírus do Jornal Tísico

Segundo um jornal o vírus da tuberculose avança.
ERRO!
ERRO de palmatória!
E logo num título com letras gordas! (não identifico porque tenho dúvidas sobre o nome do jornal, mas se algum leitor confirmar o título, publico-o.)

Que chamem micróbio ao nome do "bicho", ainda se tolera e assim não se enganam pois sob o abrangente nome não científico de micróbio tudo se esconde, sejam bactérias, vírus, protozoários, até alguns fungos, e porque não os candidatos a seres vivos, os priões.

O jornalista mostrou-se mais incompetente e ileterato que os alunos da Escola Secundária Manuel Cargaleiro que nos dizem aqui, que desde 1882 Robert Kock sabe que não é um vírus que provoca a tuberculose, mas sim uma bactéria que vem infectando a humanidade, talvez desde a pré-história, tendo sido descobertas múmias egípcias e peruanas que apresentavam sinais da doença.

Tudo isto os alunos adolescentes da Escola Secundária Manuel Cargaleiro sabiam, só não sabiam que um jornal importante iria descobrir um novo agente para uma velha doença, induzindo todos os seus leitores em erro.

Será que esse jornal pretende voltar aos tempos em que a tuberculose se tratava em hospitais especiais (sanatórios) onde podiam recuperar com ar fresco, descanso, uma dieta saudável e também prevenir a transmissão da doença a outras pessoas.
E isto porque só no em 1944 se descobriu o primeiro antibiótico – Estreptomicina – para “matar” o Mycobacterium tuberculosis também conhecido por bacilo de Kock e que é um "bicho" de uma família de bactérias aeróbias, da ordem das Actinomiatales, do género dos Mycobacterium, espécie Mycobacterium tuberculosis.
No nosso dialecto, dizemos BK, lendo-se "bêcapa".

Mas rapidamente apareceram as resistências e foi necessário juntar quatro antibióticos (!!!).
E agora temos o problema da tuberculose multirresistente.

Tudo isto se disse num trabalho realizado por um grupo de putos espertos da Escola Secundária Manuel Cargaleiro. Esperemos que todos sigam jornalismo.

Tuberculose, tísica, peste branca ou mal proletário durante muito tempo vitimou preferencialmente os mais jovens e os oriundos das classes trabalhadoras.

Hoje democratizou-se, espalhou-se pelas várias classes sociais e intelectuais, incluindo jornalistas, médicos, políticos, etc e esta forma multirresistente (aos antibióticos tradicionais) apareceu nos EUA, em Miami e em Nova Iorque, em comunidades marginais. O abandono do tratamento, por parte dos doentes, é um dos múltiplos factores que permitiu aos bacilos da TB ganhar força e resistência.


Portanto senhor jornalista, mais respeitinho pelos leitores e pelo Mycobacterium tuberculosis

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