quinta-feira, setembro 23, 2004

Os Pediatras Ao Ataque!

Depois da sua demissão dos bancos dos hospitais lisboetas, em que milhares de criancinhas ficaram sem assistência médica, depois das lutas intestinas nos hospitais centrais de Lisboa, depois das polémicas do Centro Materno-Infantil do Porto, depois da desestabilização das crianças com cancro no Porto, depois de terem os seus consultórios cheios, os pediatras ainda querem mais!

Querem invadir os Centros de Saúde e começarem a medir as criancinhas com uma fita métrica, uma balança e uma craveira! Provavelmente pensam que o Estado lhes vai pagar o mesmo que pagam as mães das criancinhas por essas medidas e por ouvir a frase sagrada:
- "O seu bebé está muito bem!"

Mas não querem só invadir os centros de saúde e serem médicos de família! Também querem passar a ser psicólogos, pedopsiquiatras, terapeutas familiares, assistentes sociais, e sei lá que mais!

O presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria descobriu isso e tem-se multiplicado em entrevistas aos jornais afirmando isso mesmo:

- "Queremos ser tudo. As crianças são nossas que ninguém lhes toque! São nossas! São nossas e prontos!" (citação de cor).

Aguardo com invariavel alegria e espanto, ver os meus colegas pediatras a reivindicarem serem também os enfermeiros das criancinhas.

Por cada aplicação de mercurocromo vulgo betadine nas arranhadelas das ditas criancinhas propriedade da pediatria, quanto levarão? Se por medir e pesar é o que se sabe....

E fica uma pergunta: se os pediatras querem vir consultar crianças saudáveis para os centros de saúde, será que vão abandonar os seus consultórios? Os hospitais, parece que estão em vias de o fazer.

E fica mais uma pergunta dura e propositada: De que gostam mais os pediatras? Das criancinhas ou daquilo que as mãezinhas têm dentro da carteira?

E uma terceira pergunta: que tem a dizer a Comissão formada para o desenvolvimento da Saúde Infantil (actividade dos médicos de família regulada em Lei).

Será que não concluiu já o contrário?

Peço desculpa a todos os pediatras que conheço e não conheço pela dureza deste bilhete, mas irritei-me ao ler várias entrevistas a bater na mesma tecla: nós somos os melhores! As criancinhas são nossas! os outros são todos incompetentes.

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