Peço desculpas aos leitores que por aqui têm passado e encontraram a última mensagem datada de 31.07.2003, sem qualquer explicação.
Pensaram logo e com razão, “o gajo foi para férias, e nem uma mensagem de aviso. É igual aos outros!”. (Em Portugal, os outros, pagam sempre com tudo!)
Nada disso: foi uma sucessão de factores não previstos, a que se juntou a previsibilidade de viver, também, para a família.
Elencando as desculpas:
1) Percorri no dia 30 de Julho, as várias operadoras de telemóveis para adquirir o produto que permitiria fazer a ligação fácil e rápida, entre o portátil e a Internet. Tudo esgotado. Optimus e Vodafone (com a TMN estou incompatibilizado). Conclusão: os economistas não avaliaram correctamente a procura desses produtos. Negligência ou erro? (As SMS e os UMTS, são a prova de que os economistas e as telecomunicações móveis têm uma relação difícil.)
2) No dia 1 de Agosto, consultei de manhã alguns doentes programados e outros de última hora, e de tarde, tinha programado, partir (finalmente!) para férias com a família, após uma última ida à blogosfera, já que não teria acesso à rede durante as férias.
3) Mas, durante o almoço telefonicamente um superior hierárquico comunica-me que a nomeação para um cargosito institucional (já esperado), tinha sido assinada pelo ministro respectivo e teria que tomar posse. Assim aconteceu e perdi mais umas horas.
4) Finalmente, quando me preparava para enviar um bilhete para o blog comunicando a ida para férias sem net, surge-me aquilo que mais se detesta na Internet: ERROR, este era o # 754, e sem qualquer outra explicação.
5) Por fim, com a família a pressionar, não havia opção possível: partir para férias sem dizer adeus à esfera dos blogs e aos seus habitantes.
O que ficou por responder:
- Ao Guerra e Pas sobre o handwriting e agradecendo as suas bonitas referências na mensagem enviada: o problema da escrita à mão dos médicos, não é só… dos médicos: já alguém tentou ler uma sentença de um juiz escrita à mão? É impenetrável e são dezenas e dezenas de páginas.
Talvez, quando nós e os juízes ou outras profissões, escrevemos, inconscientemente rabiscamos para nós ou para os nossos pares.
Mas confesso que inúmeras vezes não consigo compreender muitas cartas que recebo, sucedendo o mesmo com o receituário. Mesmo as médicas que costumavam ter uma caligrafia mais redondinha, evoluíram para o inelegível. É grave. Confesso que, eu próprio, há uns anos, e passados alguns dias, já não compreendia o que eu próprio tinha escrito.
Actualmente, o receituário e as guias terapêuticas, os relatórios médicos, as cartas para os colegas, etc., tudo é impresso em computador e portanto legível e "entendível".
Segundo vários estudos publicados, a única maneira de se corrigirem alguns erros médicos é através da informatização da nossa actividade.
Só discordo com o Guerra e Pas, quando este afirma que, é um acto voluntário, o escrever mal. Não! Talvez uma deformação profissional, de propósito, não.
Em relação à bibliografia, poderá encontrar na MEDLINE (se não poder entrar, diga) todos os artigos disponíveis sobre esse e todos os assuntos médicos que entender pes-quisar.
- Ao x, da Universidade de X.: a fibromialgia, tem muito que se lhe diga! Ou melhor, qualquer doença que passa a fronteira da Medicina para a Comunicação Social, é de suspeitar que possam existir outros interesses, que não o mero filantropismo. (Obscuros? Não o posso afirmar, mas…). O mesmo se passa com os medicamentos; quando se diz mal ou bem de determinado medicamento, sem as autoridades oficiais dos países se terem pronunciado, algo poderá estar escondido.
Os doentes são o meu barómetro! Quando começam a consulta pelo diagnóstico que já fizeram em casa ao assistirem à televisão…
Duas pequenas histórias verdadeiras:
- Uma doente senta-se e começa assim a consulta: “Sr. Dr., não sei se a palavra fibromialgia lhe diz alguma coisa, mas eu sei o que é e tenho todos os sintomas!" O diagnóstico clínico de depressão, já eu o tinha feito em anteriores consultas. Fibromialgia, não tinha.
- Há meses fui convidado, com muitos outros colegas para um jantar sobre determinado assunto médico. Sem ter sido anunciado, estavam presentes os principais responsáveis desse laboratório, que dissertaram sobre a empresa e sobre os seus principais produtos. Tudo bem, tudo normal.
Eis quando, um responsável afirma que o laboratório iria promover uma campanha nacional sobre determinada doença. Como? Muito simples. Nessa campanha participaria uma associação de doentes, que seria o motor da campanha e um grupo de personalidades públicas apoiariam (?!) essa mesma campanha. Tudo quase normal até aqui. Seguidamente informa que iria passar um pequeno vídeo referente ao início da campanha. O vídeo referia-se a uma gravação de um telejornal de uma televisão onde se referia tudo o que já tinha sido referido pelos responsáveis do laboratório, só que na notícia, em vez do nome do laboratório, aparecia o nome dessa associação de doentes.
Cada um conclua como quiser e extrapole para onde quiser.