Certificado de Óbito
Acabo de certificar um óbito.
Um meu doente anónimo. Tinha 96 anos. Vivia sem vida.
Ontem uma outra filha, vem pedir medicação para o pai e para a mãe. O pai tem 94. A mãe tem 93. A filha está feliz. A medicação de cada um é a chamada não-medicação. Viver assim até tão tarde e com qualidade de vida, deve ser bom.
Cada certificado de óbito, é um caso diferente. É uma história de vida anónima.
Não posso esconder, que, sempre que certifico um óbito, penso no meu. Quando, como, onde? Quem me certifcará o meu óbito?
Hoje, salvei uma vida.
Nada de especial, apenas um diabético com hipoglicémia (20 mg/dl) e já com alterações do comportamento, isto é, já sem capacidade de se tratar com um simples pacote de açucar. Mas o meu acto de lhe injectar glucose endovenosa, travou a marcha dos acontecimentos que o levaria ao coma e depois à morte. Seria mais um certificado de óbito a preencher. Mas não foi!
Agradeceu-me e saiu pela porta do banco, satisfeito. Melhor, ficamos ambos satisfeitos.
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