quinta-feira, agosto 14, 2003

11/08 - Clara Ferreira Alves et la boue - Maria Elisa e as baixas por doença

Segundo CFA na sua última Pluma Caprichosa (La Nostalgie de la Boues, Única, Expresso nº 1606, de 9 de Agosto de 2003), "O país não está cintilante." Mais à frente, "fui abastecer-me de lixo, trash, lama, em francês boue." Pagou 5 euros. Boue é as Caras, as Vip, as Lux, as !Hola!.

Confesso que tenho uma outra forma de ler la boue. Não gasto um euro! Adoro ler as revistas com um ano ou dois de atraso. Foi o que fiz, no apartamento de férias.

Li na Caras (nº 367, de 24 de Agosto de 2002) que Maria Elisa afirmou: "porque sujeitei-me ao sufrágio e fui eleita por pessoas que confiaram em mim. .../... É uma questão de consciência. Tenho de respeitar e honrar essa escolha". O artigo intitulava-se "Maria Elisa Domingos é um caso sério"
Segundo os jornais, a deputada, sairá por baixa médica, para entrar em plena actividade jornalística na RTP. Será verdade? Será seriedade?

Que é uma pessoa doente, não duvido. Ela é que o afirma: enxaqueca grave, fibromialgia e ausência d' "o amor é ainda um capítulo adiado da sua vida", segundo a Caras.

Com todas estas doenças, talvez haja uma depressão (escondida?, não diagnosticada?, masqué?). Ou será que é por ser uma doença banal e do povo que não se mediatiza?

Mas a mensagem és esta: o Primeiro Ministro legisla no sentido de combater as baixas fraudulentas, uma sua deputada afirma-se doente para uma tarefa intelectual (no Parlamento) e vai executar outra tarefa, também intelectual (na RTP).

Quando se fala de baixas fraudulentas, inconscientemente se deduz que o médico (o malvado do médico!) também colabora com a fraude.

Mas enganem-se meus queridos jornalistas (queridos no bom sentido, pois sou amigo de alguns), algum médico recusaria uma baixa a uma doente com uma profissão intelectual, com eenxaqueca grave, fibromialgia e ausência d' "o amor é ainda um capítulo adiado da sua vida", ou depressão?
Não! Seria não cumprir a legis arte.
Só que depois de se fechar a porta do consultório, o médico já não é responsável por aquilo que o doente fará...

E termino com mais uma história:
Estava no início da década de 80, tinha iniciado o ex-Serviço Médico á Periferia, quando me aparece uma doente a pedir baixa por cansaço e dificuldades na marcha. Tudo bem, lá a ouvi e concluí que provavelmente falava com sinceridade e como o trabalho do campo é duro, passei-lhe a baixa. À noite, na habitual confraternização da equipa de médicos (que saudades!) pergunta-me uma colega: não foi à tua consulta uma doente "assim-assim" pedir-te baixa? Foi, respondi eu. Olha, diz-me a colega, essa doente pediu-me baixa e não lha dei, e ela afirmou que iria a pé (com dificuldades na marcha, pasme-se!), cerca de 14 km, entre a freguesia e a sede e traria de certeza como papel da baixa. Assim foi e assim fui ludibriado por uma doente pela primeira vez. E infelizmente isto repete-se muitas vezes, até no Parlamento ...

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