sábado, novembro 22, 2003

Contra a Ordem, Diz O Fernando Madrinha. Contra O Fernando Madrinha, Digo Eu! (actualizado)

O jornalista Fernando Madrinha numa crónica publicada no Expresso de hoje, sob o título "Contra a Ordem" omite informações importantes, presumo que deliberadamente, para justificar o conteúdo da sua crónica. ´

O Bastonário da minha Ordem, (e repare-se que cada vez há mais Ordens) fez afirmações graves que não reflectem o pensamento colectivo dos médicos, nem as decisões tomadas pelos órgãos eleitos da Ordem dos Médicos.

Fernando Madrinha, na sua crónica de hoje omitiu as importantes declarações dos presidentes das Secções Regionais do Norte, do Centro e do Sul da Ordem dos Médicos proferidas e publicadas há vários dias.

Fernando Madrinha, com o objectivo de malhar numa classe, no seguimento de campanhas primárias de outros órgãos de informação demonstrou, como a maior parte dos jornalistas, que não entende nada daquilo que julga perceber. A iliteracia dos nossos jornalistas, no que à saúde diz respeito é confrangedora.

No que eles se têm especializado é em expor doentinhos, quanto mais desfigurados, melhor. É em divulgar actividades empíricas ditas médicas. É divulgar feiticeiros e bruxos em horário nobre (como hoje na TVI), com tempo de antena gratuito e credibilizando essas actividades exploradoras dos sentimentos do nosso povo. Acredito que sejam reportagens pagas, ou aos jornalistas ou às televisões.

Sobre a falta de médicos:

1 - Não existe ainda nenhum estudo científico e sério que confirme a alegada falta de médicos.

2 - Há em Portugal um excesso de hospitais, um excesso de serviços de urgência, um excesso de extensões de centros de saúde, um excesso de notícias veiculadas pelos jornalistas sobre a falte de médicos.

3 - Há casos de flagrante negligência planificadora da construção de hospitais separados por poucas dezenas de quilómetros: Torres Novas, Tomar e Abrantes; Portalegre e Elvas; Beja e Serpa; Cascais, S. Francisco Xavier, Santa Maria e S. José; Braga, Guimarães e Barcelos; Vila da Feira e Vale do Sousa. Na periferia do Grande Porto a situação ainda é mais caricata: Porto com dois, Matosinhos, Gaia, Vale do Sousa, Feira, Vila do Conde, Póvoa de Varzim (agora unidos), Famalicão, etc (citando tudo de cor e passível de correcção)

4 - Há extensões de centros de saúde, a construir em freguesias com algumas centenas de habitantes.

5 - Houve numerus clausus sucessivamente impostos por sucessivos governos.

6 - Há carências imacreditáveis ao nível do ensino da Medicina em várias faculdades.

7 - Não há incentivos (ou obrigação) de deslocar médicos para o interior do país.

Em conclusão:

Haverá falta de médicos no futuro se não se abrirem mais vagas nas actuais Faculdades de Medicina, é necessário reformular a carta hospitalar de Portugal, sou a favor do aumento das vagas no ensino superior público e entrada através de um exame de aptidão (como antigamente...) e contra as faculdades privadas de Medicina, apenas porque não são necessárias.

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